Quando se encontrar com um cego...


A qualquer momento qualquer um de nós pode conhecer um cego. Quando isso acontecer lembre-se que ele é um indivíduo com personalidade própria e definida. Sabe que não pode ver e é muito provável que se vá habituando a essa situação. Pode ouvir, falar, tomar decisões e desenvolver muitas vezes as mesmas actividades que qualquer outra pessoa com vista. Não é um milagre poder ver as horas num relógio, marcar um número de um telefone ou acender o seu próprio cigarro. Não possui um sexto sentido embora tenha aprendido a usar muito mais intensamente os sentidos do tacto e da audição. Existem muitas formas de ajudar um cego a solucionar os seus problemas da vida diária. Descobrirá que em certos casos a sua ajuda requerirá muito pouco esforço, basta ter as mesmas atenções que teria com qualquer outra pessoa.

As sugestões que apresento a seguir podem ser úteis:

- Ao conversar com um cego, lembre-se que a ele também lhe interessa a maioria das coisas que a si lhe interessam. Não é necessário evitar o termo de cegueira na sua conversa com ele, utilize a palavra "ver" como a usaria com uma pessoa com vista. O cego achará isso normal.


- Ao caminhar com um cego ou a ajudá-lo a subir uma escada ou atravessar uma rua, será muito fácil que ele se apoie no seu braço. O movimento que fizer com o seu corpo adverti-lo-á antecipadamente se há-de subir ou descer, avançar ou parar. Se lhe agarrar o braço para o guiar pode causar-lhe confusão ou provocar-lhe insegurança.


- Ao dar indicações a um cego, procure dizer esquerda ou direita de acordo com a posição em que ele se encontra. Se não proceder assim cometerá um erro muito comum com consequências sérias.


- Quando vai a um restaurante com uma pessoa cega leia-lhe a ementa e, se necessário, os preços. Pergunte-lhe se deseja que corte o seu bife ou que lhe deite açúcar no café. Diga-lhe o que tem no seu prato e a colocação de cada ingrediente. Não ofereça mais ajuda do que a necessária!


- Se vive ou trabalha com uma pessoa cega, mantenha sempre as portas bem abertas ou fechadas. Muitos acidentes lamentáveis podem ser evitados tomando estas sensatas precauções. Se algum móvel for mudado do seu lugar habitual, diga-lhe. O cego como qualquer outro elemento da família, compreende e aceita que se façam mudanças de móveis.


- Ao oferecer o lugar a um cego, guie-lhe a mão até ao braço das costas da cadeira. Não terá qualquer dificuldade para se sentar.


- Quando se encontrar com um amigo cego acompanhado de outra pessoa, fale-lhe directamente e não através do companheiro. A perda da visão não o incapacitou de compreender o que diz nem o tornou surdo.


- Quando entrar numa sala onde se encontre um cego, diga alto, mesmo que seja uma palavra e, se necessário, identifique-se. Também é conveniente que lhe dê conhecimento quando sair da sala ou se ausentar do grupo. Assim evitará que ele fale com alguém que se ausentou.


- Quando acompanhar uma pessoa cega a um lugar desconhecido, informe-a discretamente sobre a colocação dos objectos na sala, assim como das pessoas que se encontram presentes. Isso fará com que se sinta mais tranquilo.


Finalmente, pergunte sempre ao cego se necessita de ajuda. Muitos podem facilmente fazer as coisas por si próprios e não gostam de ser ajudados, sem serem consultados.

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