A aprendizagem do Braille





Quando uma pessoa adulta, com cegueira adquirida, se disponibiliza a aprender o Sistema Braille é porque já se assumiu como um deficiente visual, plenamente consciente das suas novas limitações.
A cegueira é um acontecimento marcante na vida de uma pessoa, podendo mesmo desestruturar toda a sua personalidade, por isso é que a reabilitação de um deficiente visual é primordial e extremamente necessária. Só com a ajuda dos técnicos e psicólogos poderá esta reabilitação ser plenamente concretizada.
Como li algures : "Reabilitar é voltar a preparar a vida!"

Um adulto que decide aprender Braille, durante a sua reabilitação, é uma pessoa alfabetizada e não necessita de aprender a ler e escrever, mas sim de o fazer de uma forma diferente, baseado num outro sentido - o tacto.
O professor de Braille deve ter muito cuidado com os textos que apresenta aos seus alunos. Os textos apresentados não deverão infantilizar nem banalizar os saberes dos alunos. É uma óptima ocasião para optar por um Braille funcional e fornecer informações aos alunos sobre assuntos relacionados com a cegueira: cecogramas, endereços de bibliotecas, etc.
O sentido do tacto é decisivo neste tipo de aprendizagem. Um bom domínio do Sistema Braille passa por um bom desenvolvimento táctil. Para os utentes que sofrem de diabetes esta aprendizagem é muito complicada e impossível, em alguns casos. Os diabéticos têm pouca sensibilidade nas pontas dos dedos, tornando a leitura do Braille uma tarefa muito difícil, acabando alguns por desistir.
Os alunos adultos revelam uma grande ansiedade na fase de pré-leitura, pois sentem que não estão a aprender. É uma fase muito importante onde identificam relevos, pontos e grupos de pontos. Aqui o papel do professor é decisivo e deve explicar-lhes a situação ao pormenor e repetir as vezes que forem necessárias, pois é compreensível o seu estado de ansiedade e insegurança.
Enquanto que a técnica de leitura é mais difícil e leva mais tempo a adquirir, a técnica de escrita é mais fácil e rápida.
A postura corporal também é determinante nesta aprendizagem. O aluno deve ser incentivado a enquadrar o seu corpo com a sua mesa de trabalho e restante material.

"A reabilitação de cegos adultos é um processo global e total. Ensinar o Braille a um adulto que cegou recentemente não é uma mera transmissão de conhecimentos técnicos e conteúdos pedagógicos. O professor de Braille tem de ter disponibilidade para ouvir e falar sobre a cegueira, de atitudes e de defesas, medos e angústias.
A reabilitação não é um mero processo com tempo e horários marcados. É antes uma mudança de atitude face à vida, sem o sentido da visão, que implica coragem, determinação, consciência de que se é diferente. A reabilitação dá a consciência de que a vida não termina porque a vista findou. A vida continua a ter sentido, valor e espaço de afirmação pessoal."  

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