Cego

Não vejo ou vejo tudo! Vejo tudo em que toco, tudo que sinto, tudo que cheiro e tudo que ouço. Sou cego, mas sinto o calor do sol no meu rosto. Sou cego, mas sinto o vento que me põe os cabelos em desalinho. Sou cego, mas reconheço o teu aroma fresco e estonteante. Sou cego, mas saboreio a tua essência a cada dia que passamos juntos. Sou cego, mas viajo por onde as imagens dos teus olhos me levarem. Sou cego de nascença e não distingo as cores. Cores quentes e frias nada me dizem, mas traduzo em sentimentos o que os outros comparam às cores. Sou cego adquirido e tenho saudades das cores. Não importa. Sonho os sonhos mais belos de todos e todos às cores! Sou cego e sou discriminado. Os normovisuais ignoram-me, contornam-me ou atravessam a rua para não cruzarem comigo. Eles veem com os olhos, eu vejo com o coração! Há quem tenha coração e uma bengala branca sempre tem o seu auxílio, de um coração solidário e amigo. Sou cego, mas respiro, amo, sinto, falo, ouço e vivo. Sou cego, mas sou normal! Sou cego e sou feliz!

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