Minha querida casinha

Juliana entrou algo receosa e a medo. Pousou a sua mochila na cadeira e sentou-se, esperando que ninguém desse por ela. Desde que tinha cegado que a sua vida se fazia em tropeções, hesitações, encontrões e desastres caseiros. Como pode uma dona de casa independente lidar com a frustração de, agora nada ver e não conseguir deitar água num copo, sem entornar tudo ou cozinhar um belo de um arroz, sem o medo de se queimar ou deitar tudo por fora? Era para isso que ela ali estava. Iria iniciar a sua reabilitação e ter a tão esperada ajuda para ultrapassar todos estes medos e receios... O medo dos "efs" faca, fogão e ferro. Tudo que possa magoar, cortar ou queimar! Mas, seria Juliana capaz? O seu medo consome-a e o primeiro passo é tentar controlá-lo. A professora atira-a aos leões... Hoje vamos fazer arroz de atum! O quê! Já!? Sim, diz a professora, estarei sempre ao seu lado e vou orientá-la em todos os passos, um passinho de cada vez! Primeiro, vamos picar a cebola. Faca?! Que turbilhão de adrenalina. Juliana está com muito medo, mas decidiu enfrentá-lo e confiar na professora. Com pequenos truques que a professora lhe mostra Ju consegue picar a cebola, deitar o azeite no tacho, controlar o refogado e saber quando deve acrescentar a água. Impressionante, está a cozinhar! Algo que já não fazia há imenso tempo. Que saudades que tinha. Foi um dia esgotante e cheio de emoções, mas Ju ganhou ânimo e alento para encarar os dias futuros com renovada esperança e muita vontade de voltar... para reaprender a viver!

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